sexta-feira, setembro 14, 2007

Processos

A adolescência é uma época difícil, porque, apesar da infância ainda presente, já se sofre com a ausência da mesma infância. As coisas ainda estão impregnadas demais com os cheiros, os sabores e as cores desbotadas de antes.
A maturidade adulta é o abrir-se e o sair para o mundo, desejo que, quando criança, me guiava para que crescesse o mais rápido possível também.
Se tratada como o oposto do começo, a adultícia pode ser chamada também de desenlace, no sentido de que desfeitos os nós da infância (e as vendas dos olhos) encontra-se uma nova libertação e esta já citada possibilidade de encontro com o mundo, que sempre esteve aí. E, se o desenlace é também o soltar desse abraço que pode dar no encontro com o frio, também é o triunfo de um rebento que está no mundo e descobre-se um e digno de viver e sobreviver. Para o frio sempre existirão cobertas.
É nessa brincadeira de processos, uma atrás do outro, juntos e lentamente, numa cadeia tão frágil de acontecimentos que eu posso descobrir que tenho em mim coisas fascinantes. E que a vida pode ser mais saborosa e prazerosa e transbordante que nunca. É aí que eu quero ver o mundo.