Ele estava gozando e o pau era tão grande que passava do umbigo e a porra caía no abdomen perfeito de menino (contraído pela dor do orgasmo) e a pele tão branca que eu gostava de cheirar para que quando eu me voltasse de novo para o sorriso ele estaria sorrindo para mim.
Eu estou com saudade dele. Saudade de tudo que poderia ter sido. Mas é uma série de razões e pináculos e estruturas fechadas e extasiantes que não são nem más nem misericordiosas. É só o simples não. Tão leve que não me dói. Me dói mais o pensar de como vou fazer para voltar pra ele.
Eu sou um vagabundo. Não gosto de acumular. Me felicito em jogar fora, em dizer adeus, em escutar as últimas músicas dos CDs. Sou o príncipe que está saindo pela porta. O valete brilhante e negro dos finais, da morte e da destruição. E assim da beleza.
Mas ele é tão doce. Ele é como o reflexo perfeito de mim que eu amo mas tão outro. E ele ainda não sabe dos meus segredos. Pela primeira vez em muito tempo eu tenho medo de revelar meus segredos e não o orgulho exibicionista de quem tem o trunfo na manga. Tenho o medo infantil pré-contar-pra-mamãe-que-eu-sou-gay que ele pare de gostar de mim quando souber quem eu sou.
Mas porque eu sinto que ele já me conhece já. Ele já sabe de todos os mistérios. Ele viu no meu rosto no momento que nos conhecemos. No meu olhar baixo, no meu sorriso depois do nosso primeiro beijo que durou uma eternidade inteira e que fez toda a balada parar de ódio porque “quem são esses dois meninos que pararam de dançar?”
Como eu sinto que já conheço ele, que ele é transparente, que há coisas nele que eu não sei que sei. O mistério, o mistério, o mistério. O mistério da minha carne. O mistério de mim. E agora o mistério de você. Que veio como rainha cavalgando e clamando o trono. E eu não posso dizer não.
“Entre, querido, tem alguém te esperando”.